Amar é arriscar. Tudo.
O amor é algo extraordinário e muito raro. Ao contrário do que se pensa não é universal,
não está ao alcance de todos, muito poucos o mantém aqui. Chama-se amor a muita coisa,
desde todos os seus fingimentos até o seu contrário : o egoísmo.
A banalidade do gosto de ti por que gostas de mim é uma aberração intelectual e um
sentimento mesquinho. Negócio estranho de contabilidade organizada. Amar na verdade, amar,
é algo que poucos aguentam, preferem-se mudar o conceito de amor a trocar às voltas a vida
quando essa parece tão confortável.
Amar é dar a vida a um outro. A sua. A unica. Arriscar tudo.Tudo.A magnifica beleza do amor
residi na total ausência de planos de contingência. Quando se ama entrega a vida toda, ali,
desprotegido, correndo o tremendo risco de ficar completamente só, assumindo-o com coragem e
dando um passo adiante. Por isso a morte pode tão pouco diante do amor. Quase nada. Ama -se
por cima da morte, porquanto o fim não é o momento em que as coisas se separam, mas o ponto
em que acabam.
Não é por respirar que estamos vivos, mas é por não amar que estamos mortos.
De pouco vale viver uma vida inteira se não sentirmos que o mais valioso que temos, o que somos,
não é para nós, serve precisamente para oferecermos. Sim, sem porquê e nem pra quê.Sim, de
mãos abertas. Sim... porque ainda além de tudo o que aqui existe, há um mundo onde vivem
para sempre os que ousaram amar.
Texto de José Luiz Nunes
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